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http://contosdanevoa.blogspot.com/2010/08/amor.htmlEspero que gostem.
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Amor.Agora fazem sete anos que Arkham saiu de casa. Guiado apenas por suas lembranças, a verdade jamais se calaria em seu peito.
Ele estava apenas há 20 metros da torre, e sentou para pensar em tudo
que o levou até aquele momento. Lembrou-se de ondas quebrando-se contra
as rochas, e um barco indo em direção ao infinito horizonte, um aperto
no coração.
“E o amor, para que serve?” – Murmurou. Sentimentos reprimidos pela
primeira vez tinham sua chance de argumentar. Sentimentos não lhe
garantiram uma vida digna. Na verdade, nem sequer lhe garantiram uma
vida.
Seus lábios secos e rachados mostravam um sorriso puro. Finalmente ele
iria alcançar seu sonho. Abriu a pesada porta de madeira, e entrou na
torre.
Um cheiro de podre se misturava com a aura negra daquele lugar marcado
pela necromancia. As escadas espirais misturavam-se com a escuridão, e
feixes de luz vinham das poucas janelas sem vidro. Ela estava ali
dentro.
Arkham subiu as escadas correndo. Ele estaria cara a cara com ela,
finalmente. Foram longos anos, sofridos e dolorosos. Pessoas morreram,
pessoas choraram, e os dias se passaram lentamente, para se assegurar
que ele sofreria o suficiente para ter a alma limpa nesse momento tão
sublime.
No topo da torre, segurou a enorme maçaneta da porta onde sua princesa o
esperava há tanto tempo. Todos falaram que ela não estaria lá, mas ele
sabia que nisso, o amor não mentiria.
Sonhos o perseguiam durante cada noite, mostrando que ela sofria sem
ele, e que ainda o esperava para se encontrarem novamente. Após essa
breve reflexão, abriu a porta.
O quarto estava muito maltratado pelo tempo, muitas teias de aranha
tomavam conta do lugar. As cortinas rasgadas e empoeiradas balançavam
com o vento trazido junto com a luz avermelhada daquele crepúsculo. E
sob o sujo e fino lençol que um dia foi branco, ela repousava.
Todos pagaram a língua. Todos então saberiam que ela ainda o esperava, e
que eles estariam juntos eternamente. Seguiu lentamente, sem fazer
barulho, e se sentou na borda da cama. A expressão de calma no rosto
aveludado de sua princesa acalmou sua alma.
“Cheguei, minha amada.” Murmurou Arkham, passando a mão pelos sedosos
cabelos negros da adormecida. Lentamente, abaixou-se, e tocou os lábios
gélidos da princesa com um beijo, e a colocou no colo, subindo a leva
final de escadas, e chegando ao telhado da torre.
Quatro canhões enferrujados estavam lá, cada um apontando para um ponto
cardeal. As ondas chocavam-se fortemente contra as rochas, e um pequeno
barco retornava do infinito horizonte. Tudo ocorreu dentro do tempo.
“Eu sabia que você ainda estava me esperando.” – Disse Arkham em voz
alta, tentando fazer sua voz sobrepor o forte vento que jogava seus
cabelos dourados para trás. Ajoelhou – se, e deitou o cadáver de sua
amada em sua frente. Com um punhal, atravessou sua mão, e com o sangue
escorrendo, escreveu no chão:
“Passem anos, passem décadas, nunca serás esquecida.
Tu me esperaste tranqüila sob a tempestade.
Pois eis que cheguei, e estás acolhida,
Estaremos juntos por toda a eternidade.”
Com essas palavras ditas, e o corpo fraco pela perda de sangue, encarou
lá embaixo, onde a população invadia a torre com suas tochas e forcados.
“Até a eternidade...”- Murmurou, e saltou da torre.